Ser criativo.

Fui uma criança muito feliz. Ao contrario de muitas pessoas com quem converso, minha infância foi gostosa e cheia de vida. Tive muitos amigos, me divertia na rua, inventava brincadeiras, e a barreira do mundo real e o da imaginação para mim, não existia!

Meus amiguinhos me tinham como líder. Eu inventava as brincadeiras e organizava os jogos, sempre na intenção de todos se divertirem. As mães de minhas amigas diziam que eu era simpática, os professores, que eu era autêntica e minha mãe que eu tinha uma personalidade forte.

Analisando todos os comentários sobre a “Cristininha”, o que percebi é que eu simplesmente estava sempre conectada com minha essência e, estando confortável em ser quem eu era, a capacidade de criar se manifestava de uma forma simples.

Claro que para a criatividade se manifestar, é preciso que exista uma necessidade. Na maioria das vezes que criamos algo novo, fazemos isso por uma motivação maior, um desejo.

Eu sempre fui empreendedora. Quando tinha cinco anos de idade, queria tomar sorvete quase todos os dias. Tinha uma sorveteria na esquina debaixo da minha casa e minha mãe, sabiamente, não deixava eu tomar o sorvete todos os dias. Então, motivada pelo desejo de tomar sorvete, comecei a vender colares feitos com canudinhos. Eu cortava em vários tamanhos os canudinhos, pegava linha, colocava pedacinho por pedacinho no fio intercalando cores e saía para vender na vizinhança, a fim de conseguir arrecadar o dinheiro necessário para uma bola de sorvete de morango.

Depois, aos nove, comecei meus negócios com a troca de papel de carta. Investia em cada folha que conseguia. Inventava argumentos que incentivam a troca por eles, criei divisões por coleções temáticas e ainda uma pasta apenas com papéis de carta repetidos, onde poderia negociar as trocas.

Na maioria das vezes, convencia meus amigos a trocarem dois papéis que eu não tinha, por um dos meus repetidos. Minha mãe me chamava de “filhote de turca”, feliz pelo meu talento em argumentar para conseguir os melhores negócios possíveis para aumentar minha coleção. Em pouco tempo, tinha mais de 20 pastas com papéis de cartas diferentes arquivados em diversas categorias. A verdade era: Estava desenvolvendo minha inteligência interpessoal.

Aos treze, tive meu primeiro negócio de economia criativa e colaborativa. Olha só eu fazendo aquilo que acredito sem ao menos saber que era isso que fazia…

Era início dos anos 90 e a moda revisitava novamente os 70, introduzindo o uso de colares, pulseiras e cintos de miçangas coloridas. Eu, que possuía alguma habilidade manual e uma intuição para cores ancestral, comecei a desenvolver vários modelos e vender no colégio. Eu fazia a negociação, que tinha aprendido aos nove com os papéis de carta, tirava os pedidos, pois dava a possibilidade de escolha de cor para as peças, e as entregava dentro de um ou dois dias. Cheguei até a fazer cintos para uma loja da cidade. Tive que montar uma equipe para dar conta dos pedidos. Minhas amigas entraram com a mão de obra em diversos momentos.

Aos quinze, já mais na busca do auto conhecimento, comecei a enviar textos que escrevia para o jornal da cidade, que publicava, em sua maioria, na sessão de cartas. Sentia uma alegria imensa quando algum texto meu saia no jornal. Algumas de minhas amigas comentavam comigo que outras amigas tinham lido e pela descrição do jornal em minha assinatura, visto que estudava no mesmo colégio — eu colocava meu nome, colégio e classe na assinatura do jornal — e logo comecei a ter leitores.

Foi então que percebi que podia escrever e transformar a vida das pessoas. A maioria dos textos eram de epifanias que tinha durante essa fase de transformação que é a adolescência. Compartilhando meus aprendizados, conseguia gerar empatia com meus leitores.

Aos quinze também escrevi minha primeira peça de teatro, chamada “Entre idas e vindas”, que narra a história de duas amigas que saem de sua cidade natal e passam a dividir o apartamento em outra cidade onde foram fazer faculdade. Minha professora de redação, que era corretora de provas da Unicamp, dizia que eu tinha o dom para narrativas. Neste momento, ainda não entendia o por que de gostar de contar histórias… apenas as escrevia.

Dos dezesseis aos dezoito, comecei meu primeiro negócio com alcance nacional. Era adolescente e apaixonada pelos Hanson. Montei com minha Best friend um fanclube dos Hanson. Outra lição importante para a criação é estar conectada com sua paixão. Seu coração pode te guiar por caminhos incríveis!

Meu fanclube era bem sucedido. Recebia em media de 30 cartas por dia — naquela época a internet era para poucos e por isso o sucesso do meu negócio-, consegui que ele fosse divulgado em revistas como Capricho e Atrevida e ainda uma divulgação na MTV, durante a programação da tarde, o que ajudava muito os negócios. Uma boa divulgação faz com que sua marca fique conhecida. Anunciar seu produto onde seu público alvo terá acesso, é fundamental para seu sucesso. O fanclube Hanson now and forever, oferecia uma carteirinha para quem entrasse, um fanzine mensal onde produzia conteúdo CRIATIVO com traduções de textos e matérias internacionais, jogos, quiz e fotos coloridas ( era fundamental a página de fotos raras. Era com certeza o que motivava os sócios a comprarem o zine) e diversos outros produtos como: camisetas, copias do DVD importado, fitas cassetes com os singles e remix raros entre outras coisas. Certa vez, uma menina do fanclube ganhou o concurso da MTV para conhecê-los e levou a camiseta do fanclube para eles autografarem. Guardo até hoje como lembrança.

Depois disso, minha expertise para o empreendedorismo ficou guardado. Chegou aquele momento em que temos que focar na escolha profissional, e para desespero da minha mãe, escolhi fazer moda.

Lembro direitinho do dia em que minha mãe e meu pai me colocaram sentada na beira da cama deles e me questionaram durante horas sobre minha escolha. Se era isso mesmo que eu iria fazer. Minha mãe queria que eu fosse jornalista, afinal, já escrevia, tinha meu próprio fanzine, leitores no jornal, era o caminho mais certo a seguir, porém , a verdade é que eu queria ser autêntica e única. Eu achava que escrevendo para um jornal, ficaria aprisionada, além disso, eu gostava de escrever narrativas, não teses, dissertações, notícias… eu gostava mesmo era de CRIAR. E foi na moda que encontrei o caminho para unir estes pontos que me motivavam: Ser autêntica, única e criativa.

Óbvio que na universidade as coisas são completamente diferentes do mercado. Na faculdade, podia criar apresentações maravilhosas para minhas criações, pensar em novos formatos para vender minhas idéias, ousar. Foi aí que tomei gosto por apresentações e percebi que era uma boa oradora. Mas para falar e motivar pessoas, vendendo suas idéias, era necessário você estar conectado com aquilo sobre o que falava.

Bem, tive um longo percurso dentro do mercado. Acabei deixando as coleções e partindo para as apresentações desses produtos no ponto de venda. O que fazia muito sentido. Afinal, por toda a minha trajetória de vida, estar perto das pessoas era fundamental!

Aprendi muito com tudo isso, porém, chegou um certo momento, em que senti minha essência divina sufocada. Nada daquilo que eu vivia fazia sentido. Então decidi mudar de área, procurar um espaço no mercado de trabalho onde pudesse ficar conectada com essa essência o tempo todo. Tive que resgatá-la, tirei toda a minha armadura, fiquei nua de mim.

Foi um intenso processo de resgate de minha criança interior, para, enfim, conseguir unir todas as minhas qualidades e experiências nesse percurso, em uma profissão nova, onde me auto denomino: Gestora de conteúdo e Empreendedora CRIATIVA.

Para criar algo novo, eu me conecto com a minha mais pura essência divina. Ela me guia e mostra todos os caminhos.

Agradeço ao universo pela oportunidade de fazer o que amo todos os dias.

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